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sábado, 11 de julho de 2009

Relações de causa e efeito - ICMS-SP/2006/FCC - Questão 06

A educação é uma função tão natural e universal da comunidade humana que, pela própria evidência, leva muito tempo a atingir a plena consciência daqueles que a recebem e praticam, sendo, por isso, relativamente tardio o seu primeiro vestígio na tradição literária. O seu conteúdo, aproximadamente o mesmo em todos os povos, é ao mesmo tempo moral e prático. Também entre os Gregos foi assim. Reveste, em parte, a forma de mandamentos, como honrar os deuses, honrar pai e mãe, respeitar os estrangeiros; consiste, por outro lado, numa série de preceitos sobre a moralidade externa e em regras de prudência para a vida, transmitidas oralmente pelos séculos afora; e apresenta-se ainda como comunicação de conhecimentos e aptidões profissionais e cujo conjunto, na medida em que é transmissível, os Gregos dera o nome de techné. Os preceitos elementares do procedimento correto para com os deuses, os pais e os estranhos foram mais tarde incorporados à lei escrita dos Estados. E o rico tesouro da sabedoria popular, mesclado de regras primitivas de conduta e preceitos de prudência enraizados em superstições populares, chegava pela primeira vez à luz do dia, através de uma antiquíssima tradição oral, na poesia rural gnômica de Hesíodo. As regras das artes e ofícios resistiam naturalmente, em virtude da sua própria natureza, à exposição escrita dos seus segredos, como esclarece, no que se refere à profissão média, a coleção dos escritos hipocráticos.

Da educação, neste sentido, distingue-se a formação do Homem por meio da criação de um tipo ideal intimamente coerente e claramente definido. Essa formação não pe possível sem se oferecer ao espírito uma imagem do homem tal como ele deve ser. A utilidade lhe é indiferente ou, pelo menos, não essencial. O que é fundamental nela é o kalón, isto é, a beleza, no sentido normativo da imagem desejada, do ideal. A formação manifesta-se na forma integral do Homem, na sua conduta e comportamento exterior e na sua atitude interior. Nem uma nem outra nasceram do acaso, mas são antes produtos de uma disciplina consciente. Já Platão a comparou ao adestramento de cães de raça. A princípio, esse adestramento limitava-se a uma reduzida classe social, a nobreza

Obs: gnômico = sentencioso

(Adaptado de Werner Jaeger, Paidéia: a formação do homem grego. Trad. Artur M. Parreira, 4.ed., São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 23-24)

6. No texto, os segmento "As regras das artes e ofícios resistiam naturalmente" e "a sua própria natureza" estão em relação, respectivamente, de

a) fato e hipótese

b) consequência e causa

c) condição e conclusão

d) fato e conclusão

e) hipótese e consequência

Comentários:

Há várias formas de se encontrarem e de se perceberem as relações de causa e efeito nos textos. Elas são promovidas por:

  1. Conjunções subordinativas causais: porque, já que, visto que, uma vez que, visto como, como (=já que, visto que), porquanto, dado que, por isso que, que (= porque), pois etc.

  2. Conjunções subordinativas consecutivas: que (precedido de um termo intensivo “tão, tal, tanto, tamanho”), de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que, a tal ponto que.

  3. Verbos da área semântica de causa e efeito: são verbos que, quando usados, promovem relações de causa e efeito entre os termos / idéias. Podemos citar, dentre eles: causar, gerar, provocar, ocasionar, acarretar, produzir, desencadear, motivar, engendrar, suscitar, decorrer, derivar, provir, promanar, resultar.

  4. Palavras pertencentes à área semântica de causa e efeito – assim como os verbos, há palavras que promovem relações de causa e efeito. Podemos citar: motivo, razão, explicação, pretexto, mola, fonte, mãe, raiz, berço, base, fundamento, alicerce, germe, embrião, semente, gênese, produtor, causador

  5. Algumas preposições e locuções: de, por, por causa de, em virtude de, devido a, em conseqüência de, por motivo de, por falta de etc

  6. Preposição “POR” seguida de um verbo no infinitivo:

  7. Orações causais ou consecutivas reduzidas:

Em "As regras das artes e ofícios resistiam naturalmente, em virtude da sua própria natureza, à exposição escrita dos seus segredos, como esclarece, no que se refere à profissão média, a coleção dos escritos hipocráticos", percebe-se nexo semântico de:

- Consequência "As regras das artes e ofícios resistiam naturalmente"; e

- Causa - "em virtude da sua própria natureza".

A relação de causa e efeito está explicitada pela presença da expressão "em virtude", uma das locuções que promovem esse tipo de relação, conforme visto no item "e", acima.

Exemplos de textos com relações de causa e efeito podem ser encontradas em: http://www.euvoupassar.com.br/visao/artigos/completa.php?id=105.

Resposta: Letra B

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